quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Saúde Única: Associação Mundial de Veterinária alerta para as consequências do abandono de cães e gatos

11 de janeiro de 2017

Por Roberta Machado
Estima-se que existam mais de 200 milhões de cães abandonados no mundo, um número que evidencia a dimensão de um problema global que merece a atenção de médicos veterinários, de órgãos governamentais e de toda a população. O alerta é feito pela Associação Mundial de Veterinária (WVA), como a primeira ação de uma campanha voltada para a conscientização a respeito de questões de bem-estar animal que afetam o planeta.
A população de cães de rua é formada por animais perdidos, abandonados, ou que são intencionalmente deixados soltos pelos seus proprietários por longos períodos. Também estão incluídos nesta categoria os cães ferais, aqueles que nascem em um ambiente sem o contato humano e acabam adquirindo hábitos resgatados de sua natureza selvagem para sobreviver.
Entre os fatores que prejudicam o bem-estar e encurtam a expectativa de vida dos cães vulneráveis estão a subnutrição e uma série de doenças facilitadas pelo ambiente, como aquelas causadas por parasitas. Outros perigos que ameaçam esses animais são aqueles causados por seres humanos, como maus-tratos e métodos brutais de controle populacional.
Além do comprometimento da saúde e do bem-estar dos cães pelas condições impróprias de alimentação e abrigo, quando os animais estão sem cuidados também existe uma ameaça à saúde humana e ambiental, os outros dois pilares que, junto com a saúde animal, compõem a Saúde Única.

Riscos
Entre os perigos compartilhados entre animais negligenciados e seres humanos, um dos principais é o vírus da raiva. Segundo a WVA, quase 60 mil pessoas morrem todos os anos depois de contrair o vírus da Raiva por meio da mordida de um cão infectado.  De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 95% dos casos fatais de raiva humana são registrados nos continentes africano e asiático. O controle da raiva humana transmitida por cães no Brasil ocorreu em função dos esforços para a vacinação canina.
Mais de 15 milhões de pessoas são mordidas por cães infectados todos os anos, representando US$ 2,1 bilhões em tratamento, além de problemas de longo prazo, como casos de estresse pós-traumático, registrados principalmente em crianças – ainda de acordo com a OMS, mais de 40% das vítimas dos ataques de cães raivosos têm menos de 15 anos.
Cães desassistidos também compartilham riscos com a vida selvagem. A WVA alerta que os cães em condição vulnerável podem ser transmissores de doenças para outras espécies, além de também poderem matar animais silvestres ou ameaçar a sua existência ao competir por recursos naturais.

Saúde Única
No seu posicionamento sobre Saúde Única, a WVA define saúde única como o esforço integrado de múltiplas disciplinas para a obtenção de saúde ótima para as pessoas, os animais e o ambiente, reconhecendo que a saúde e o bem-estar de seres humanos, animais e ecossistemas estão interconectados. Esse mesmo olhar está na base das ações do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), que tem na gestão atual Saúde Única e Bem-Estar Único como dois de seus sete valores norteadores.
“Especificamente com relação ao manejo populacional de cães, novas estratégias em harmonia com o conceito de saúde e bem-estar únicos vem sendo implementadas em nosso país”, ressalta Carla Molento, presidente da Comissão de Ética, Bioética e Bem-estar Animal (Cebea/CFMV). Tais propostas, explica a médica veterinária, têm por base o conhecimento atual de que a eliminação de cães de rua não favorece o controle populacional e o reconhecimento de que matar um cão porque ele se encontra em condição de abandono não é aceitável do ponto de vista ético.
“Assim, as melhores ações relacionam-se à oferta de certo nível de supervisão e atenção aos cães que estão na rua, pois cães de rua esterilizados, vacinados e com cuidados básicos de saúde oferecem uma barreira sanitária e reprodutiva às comunidades em que vivem. O novo paradigma leva em consideração a saúde e o bem-estar de cães e seres humanos, até que a guarda responsável de cães seja uma realidade onipresente em nosso país”, resume Molento.

Medidas
A WVA ressalta a importância de medidas de prevenção contra os problemas causados pela negligência com cães, como campanhas de vacinação antirrábica e um trabalho de conscientização de crianças a respeito das formas de prevenção contra os perigos oferecidos pela situação.
Entre as ações que precisam ser tomadas para a redução da população de cães desamparados, estão a educação da população sobre a importância da guarda responsável de animais e o uso de métodos humanitários para o controle populacional.

Saiba mais


Assessoria de Comunicação do CFMV, com informações da WVA e da OMS

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